Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – O número de patentes em química em todo o mundo teve um crescimento enorme nos últimos 20 anos. Uma mostra está na base CAS Registry, da Chemical Abstract Service (CAS), divisão da American Chemical Society para indexação de periódicos científicos. O CAS Registry reúne dados de mais de 132 milhões de substâncias orgânicas e inorgânicas, tais como ligas, minerais, polímeros e sais.
“O aumento nas patentes de substâncias químicas descobertas é reflexo do investimento e da importância da inovação na economia. Hoje o capital das empresas não está no número de funcionários, ou de seus equipamentos, ou do dinheiro que elas têm, está na propriedade intelectual”, disse Matthew McBride, diretor do Serviço Especializado de Buscas de IP do CAS, à Agência FAPESP.
Dados como esses foram apresentados na palestra “Patentes na Área de Química: Um Overview no Brasil e no Mundo”, realizada na FAPESP no dia 23 de agosto. Nela, McBride apresentou tendências sobre patentes na área de Química.
Patentear um produto descoberto ou resultante de inovação é uma tarefa complexa. McBride explicou na palestra que só para nomear um novo composto químico há vários caminhos possíveis: pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac), pela American Chemical Society (ACS) ou por meio de outras formas usadas em países como a Rússia e China.
“Fora a questão das diferentes convenções para nomear uma substância, em química existem múltiplas maneiras de descrever pontos altamente técnicos. Submeter uma patente não é como escrever um artigo. A química consegue ser facilmente obscura enquanto artigos com revisão por pares precisam ser claros, pois têm que ser defensáveis. Em resumo, pesquisadores precisam da ajuda de profissionais para conseguir patentes fortes”, disse.
McBride destacou também a diversidade de informações necessárias para se criar uma patente forte. “Um aspecto fundamental da ciência é a comunicação. A ciência não acontece sem comunicação”, disse.
Patrícia Tedeschi, responsável pelo Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia da FAPESP (Nuplitec), considera importante McBride ter mostrado aos pesquisadores presentes no evento a complexidade da publicação de patentes.
“Os pesquisadores precisam ter consciência antes de fazer um depósito de patente. É importante contar com ajuda profissional. É preciso, por exemplo, antes mesmo de iniciar uma pesquisa, saber o que existe, para não tentar replicar o que já está pronto e patenteado”, disse.