O projeto Águas Futuras emite boletim semanal relatando o que se passou na semana anterior e quais são as atuais projeções sobre o reservatório Cantareira.
Dia 25 de maio, o nível do sistema Cantareira está em 15,1% do volume total. “Isto quer dizer que ainda estamos abaixo da linha do volume morto. Para melhor comparamos a situação de hoje com as anteriores, usamos o índice tradicional da SABESP, que faz referência ao volume útil, não incluindo o volume morto. Neste referencial, estamos hoje em um nível negativo de -9,7%. Em 25 de maio de 2014, o nível estava em 7,1%, positivos”, explicam os responsáveis pelo projeto.
O boletim completo está disponível aqui em pdf e também pode ser acessado no blog
Mais informações: , espaço que continua sendo atualizado diariamente.
Sobre o Águas Futuras
Renato Coutinho e Roberto André Kraenkel, do Instituto de Física Teórica (IFT), e Paulo Prado (IBUSP) lançaram site com projeções para o volume de água no sistema de reservatórios Cantareira, que abastece São Paulo.
Trata-se de um modelo matemático dado por uma equação diferencial estocástica que permite projeções de até 30 dias. É também uma iniciativa para contribuir para o debate público com suporte científico, transparente e com programas e dados de distribuição livre.
Os pesquisadores informam que a experiência em modelagem matemática em ecologia poderia ser útil para a compreensão da dinâmica de reservatórios. Usaram esse conhecimento para descrever as mudanças de volume de água no sistema Cantareira com um modelo matemático simples, que pode ser verificado por outros pesquisadores.
As projeções são atualizadas a cada dia e podem ser reproduzidas em um computador pessoal. “Esperamos que possam somar-se a outros instrumentos de gestão, como modelos mais complexos de médio prazo (por exemplo, o do CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais)”, informam. “Dessa forma mostramos que é possível contribuir para o debate público de forma fundamentada e transparente”.
A página mantém links para os programas e dados utilizados, de forma a permitir sua apuração. Oferece também a possibilidade de utilização dos dados por grupos ou pessoas que queiram desenvolver outros projetos.
O modelo
Foi criado um modelo matemático simples que leva em conta pluviometria e processos hidrológicos. Tecnicamente trata-se de uma equação diferencial estocástica em que a variação do volume é dada pelo balanço de entradas e saídas de água do reservatório. A entrada (vazão afluente), por sua vez, depende da proporção de chuva que vira água no reservatório, a chamada relação precipitação-vazão. Supomos que esta relação depende tanto da quantidade de chuva quanto do próprio volume de água armazenado, que serve de substituto para nível de encharcamento do solo.
Para fazer projeções, foi calibrado o modelo com dados de seis meses anteriores. Feito isso, validou-se o modelo fazendo previsões no passado e comparando com o que de fato ocorreu. Uma vez concluído este processo, os pesquisadores fizeram duas projeções: “para cinco dias”, apoiada na previsão meteorológica para o Cantareira; “para trinta dias”, embasada em médias históricas de precipitação. A validação do modelo mostrou que projeções para até trinta dias são acuradas.
Autores
Grupo de Biologia Matemática, IFT – Unesp
Renato Mendes Coutinho é doutor em física pelo Instituto de Física Teórica – Unesp e pós-doc no mesmo instituto.
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Roberto André Kraenkel é doutor em física e pesquisador do Instituto de Física Teórica – Unesp.
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Laboratório de Ecologia Teórica, IB – USP
Paulo Inácio K. L. Prado é doutor em ecologia e professor do Instituto de Biociências da USP.
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