Começam no mês que vem as filmagens do longa metragem “História de um Valente”, baseado na vida do líder comunista Gregório Bezerra, um dos ícones da esquerda brasileira. O filme, dirigido por Cláudio Barroso, contará a trajetória de Gregório entre 1957 e 1964. Nesse período, o personagem teve intensa atuação política e terminou preso pelos militares. Foi o único opositor do regime militar a ser torturado em praça pública, no Recife. O protagonista será Jackson Antunes, o Leonardo da novela “A Favorita”. Também estão escalados para o elenco Nélson Xavier, Hermila Guedes, Germano Haiut, Magdale Alves,Francisco Carvalho, Irandir Santos, Carol Holanda e Edmilson Barros, que atualmente está na mini série Decameron, na TV Globo. Ele interpretará o ex-governador Miguel Arraes.
Orçado em R$ 3,5 milhões, o filme de Cláudio Barroso será ambientando nas décadas de 50 e 60. O longa vai contar com reconstituições em locações do Recife e do interior pernambucano. Serão reconstituídos, por exemplo, lugares como a Praça de Casa Forte (local onde Gregório Bezerra foi publicamente torturado), pontos do bairro de Jardim São Paulo (onde o comunista morou) e ainda na Zona da Mata Sul de Pernambuco. “Eu quero desenvolver o filme num tom de suspense político-policial, mas não vou esquecer o lado humano de Gregório”, afirma o cineasta. Para o produtor do filme, Germano Coelho, o orçamento está bem acima dos padrões dos longas pernambucanos, mas boa parte do dinheiro será consumido com a reconstituição da época.
Gregório Lourenço Bezerra ((1900-1983), nascido na cidade de Panelas, interior de Pernambuco, perdeu os pais ainda criança e veio para o Recife para trabalhar como carregador de bagagens na Estação Central, jornaleiro e ajudante de obras. Foi analfabeto até os 25 anos. Começou a se interessar pela política ainda jovem. Participou de manifestações em apoio à Revolução Bolchevique e das primeiras ondas de greve geral por direitos trabalhistas no Brasil. Fez parte do Partido Comunista do Brasil (PCB), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi o deputado federal mais votado em Pernambuco na época da Constituinte. De seus 83 anos, 23 foram passados na cadeia, nove na clandestinidade e nove no exílio . Gregório foi um dos 14 presos políticos trocados pelo então embaixador norte-americano no Brasil Charles Burke Elbrick. O consultor do filme, desde a primeira versão do roteiro – há três – é o filho de Gregório, Jurandir Bezerra.
O diretor
Cláudio Barroso atua como diretor e roteirista de curtas-metragens, programas de TV, comerciais e campanhas políticas. Co-dirigiu o primeiro curta, “Afundaçãodobrasil”, em 1980. Realizou também os filmes “Pedras de Fogo” e “Margarida sempre viva” que relatam os assassinatos de líderes camponeses no Nordeste. É um dos fundadores de uma das primeiras televisões alternativas do Brasil, a TV Viva, criada em 1984, que realizava programas mensais, exibindo-os em bairros populares da Região Metropolitana do Recife. Dirigiu e coordenou a TV VIVA por oito anos, recebendo inúmeros prêmios nacionais e internacionais. Em 2005, lançou o documentário “O Mundo É Uma Cabeça”, filme que já recebeu 10 prêmios em festivais nacionais, entre eles, o de melhor curta documental do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro 2005.